sábado, 29 de setembro de 2012

Crucificação de Neymar na "Placar"


Contexto: "Cai-cai", pelo que percebi, é fazer fita, caindo, para o que árbitro assinale falta contra a equipa que comete a suposta falta. Não falta disso, dizem, que eu nem sei como se chama o guarda-redes da equipa que me é menos indiferente, no futebol português. Pelos vistos, na Brasil, há um grande debate sobre o assunto.

Os bispos brasileiros, a propósito desta capa, emitiram uma nota:

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, manifesta profunda indignação diante da publicação de uma fotomontagem que compõe a capa de uma revista esportiva na qual se vê a imagem de Jesus Cristo crucificado com o rosto de um jogador de futebol. 
 Reconhecemos a liberdade de expressão como princípio fundamental do estado e da convivência democrática, entretanto, que há limites objetivos no seu exercício. A ridicularização da fé e o desdém pelo sentimento religioso do povo por meio do uso desrespeitoso da imagem da pessoa de Jesus Cristo sugerem a manipulação e instrumentalização de um recurso editorial com mera finalidade comercial. 
 A publicação demonstrou-se, no mínimo, insensível ao recente quadro mundial de deplorável violência causado por uso inadequado de figuras religiosas, prestando, assim, um grave desserviço à consolidação da convivência respeitosa entre grupos de diferentes crenças. 
 A fotomontagem usa de forma explícita a imagem de Jesus Cristo crucificado, mesmo que o diretor da publicação tenha se pronunciado negando esse fato tão evidente, e isso se constitui numa clara falta de respeito que ofende o que existe de mais sagrado pelos cristãos e atualiza, de maneira perigosa, o já conhecido recurso de atrair a atenção por meio da provocação.
E para quem aprecia pintura, que pintor emita a capa? Velázquez, penso.

3 comentários:

Anónimo disse...

Para quem diz que os protestos cristãos são sempre tão violentes como os maometanos, veremos quantas pessoas morrem por cauda disto... mais: se os maometanos se insurgem contra aqueles que ofendem os profetas e dado que Jesus, para eles, é um profeta, veremos se eles dizem ou fazem alo quanto a isto.

Américo Mendes

Anónimo disse...

Américo,

era capaz de ter dito o que escreveu. Palavra por palavra.

Fernando d'Costa

Jorge Pires Ferreira disse...

Concordo com o que Américo Mendes diz, mas acrescento uma precisão. Os maometanos insurgem-se contra a representação de Maomé, quase sempre ignorando se a representação é positiva ou negativa, sequer.

Isto é, a representação, seja qual for, é negativa por natureza. A isto chama-se iconoclasmo. O islão é iconoclasta por natureza, como o é o judaísmo e menor grau. O cristianismo repudiou a iconoclastia na querela dos ícones (graças à Incarnação), mas tem ramos mais e menos iconoclastas, como algum protestantismo.

Daí que muitos maometamos vão para a rua sem terem visto qualquer imagem ou filme, só com a ideia de que representaram indevidamente o profeta Maomé. No caso da gravuras dinamarquesas ficou por demais patente isso mesmo.

Julgo, neste contexto, que a iconoclastia não se aplica ao Jesus muçulmano - mas posso estar enganado.

Por outro lado, os maometanos atuais esquecem-se que ao longo da história houve muitas representações islâmicas do profeta. Nem sempre o islão foi assim tão iconoclasta.

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