segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

José Maria Castillo reflecte sobre o inferno

Esquema do Inferno de Dante

Desde que o Papa há dias falou do Purgatório (aqui), têm surgido comentários pertinentes à questão da vida depois da vida.

No blogue Teología Sin Censura (aqui em espanhol; aqui em português), José María Castillo apresenta as razões contra o inferno tal como tem sido concebido.

Falar de inferno como se costuma fazer nos catecismos e sermões de costume, com todo o respeito do mundo, eu não acredito que isso possa ser verdade. Por uma razão que, para mim pelo menos, é incontestável. O inferno, por definição, é um castigo eterno. Pois bem, um castigo (seja o que for) tem razão de ser como "meio" para algo (corrigir, melhorar, educar, defender os inocentes...), mas nunca pode ter razão de ser como "finalidade" em si mesmo. Um castigo, assim pensado e realizado, não pode ter sua origem na bondade, mas sim na maldade. Ou seja, um castigo assim não pode ter sido pensado por Deus, nem pode ser mantido por Deus. Um suposto castigo "divino", que, ao mesmo tempo, é concebido como "eterno", é uma contradição em si mesmo. Porque o "divino", que não pode ser entendido senão como bondade e fonte de bem, não pode ser causa e origem de um mal, que não tem mais finalidade em si mesmo do que fazer sofrer, ou seja, causar mal, dano e maldade. Porque, se é "eterno", não é "meio" para coisa nenhuma, mas sim algo cuja única finalidade é o sofrimento sem fim. Tornar Deus causador e responsável por isso é a agressão mais brutal ao "divino" que a mente humana pôde inventar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Deste texto de Castillo, tenho mesmo que comentar para salientar dois pontos, e finalizar com uma reflexão para contribuir a este frutuoso blog:

1) O maior argumento de Castillo, no seu texto, está na definição que faz de inferno como «castigo eterno» – uma definição proveniente da escolástica, mas que não é a única perspectiva que a Bíblia e a Tradição têm de Inferno. Este conceito teológico faz sentido quando englobado num sistema teológico: o escolástico e a sua época. Mas por si só, se não se integrar este sistema nos outros vários sistemas teológicos, acaba por permanecer parcial. O desenvolvimento do pensamento teológico é isso mesmo. E por acaso, a própria doutrina católica também não permanece nessa visão parcial. Assim, concordo com a visão de Castillo porque não faz sentido algum, não por causa da bondade de Deus, mas porque não funciona quando aplicada ao exercício da liberdade humana.
2) Se eu não quiser ir para o Céu? Se eu me recusar a estar eternamente com Deus? E se eu, aliás, ainda que saiba que ele exista – porque quando morrer talvez possa saber que ele exista – mesmo assim, continue a não acreditar nele? Posso, nesta situação, estar a ser irracional, mas sou livre ou não sou? A bondade de Deus não é necessariamente fazer-me viver no Paraíso, ainda que esse seja o seu maior desejo.
- A tendência actual de desmitologizar os ambientes da fé, acompanhada de uma visão filosófica, facilitadora, e até utilitária, de um Deus que é só suma bondade e justiça – perde não apenas a sua centralidade no próprio Cristo Ressuscitado, como conflui numa indiferença à incerteza que envolve o homem, essencial e totalmente presente, quando este tenta compreender o próprio Deus “mistério incompreensível”.

Obrigado,
João Pedro Silva

Anónimo disse...

digo em poucas palavras porque se preocupar com o inferno se temos um céu para ir não é mais fácil compreender o certo e se dedicar nele
para quando tivermos que enfrentar o errado do que perder tempo com o errado e criarmos duvidas e questionamentos em nossas mente "CREDES EM DEUS CREDES TAMBÉM EM MIM NA CASA DO MEU PAI A MUITAS...

DEUS nos abençoe
joão jr.

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