quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Deus na Casa Branca

A polémica sobre a requalificação de um edifício para mesquita perto do local das torres gémeas de Nova Iorque, com Obama a apoiar a liberdade religiosa, levou muitos norte-americanos a pensarem que o presidente dos EUA é muçulmano. Principalmente se forem republicanos.

As teorias do islamismo de Obama já existem há muito, mas nos últimos dias aumentaram (ver aqui), o que obrigou os assessores virem a público dizer que Obama é cristão e levou o presidente a telefonar mais ou menos em directo ao pastor Joel Hunter no dia em que fazia anos: “Hoje é o dia do meu aniversário, dia 4 de Agosto, e estou aqui sozinho como um cão, um pouco deprimido sem minha mulher que está de férias e minhas filhas que estão no acampamento de férias. Gostaria de rezar pelo meu ano passado, pelos meus erros, por aquilo que me espera nos próximos meses. O senhor se importa?"

Um artigo no “La Repubblica” (versão em português aqui) resume, com humor e ironia q.b., a religiosidade dos últimos presidentes dos EUA, sublinhando a ideia de que no país mais cristão do mundo não se pode ter um líder ateu nem mesmo de outra religião que não a cristã.

Dois parágrafos: “O espertíssimo Reagan, que na pouco virtuosa Hollywood havia aprendido a arte de recitar, fazia um grande e retórico uso de citações bíblicas – como a América, "luminosa cidade sobre a colina", pescada diretamente do discurso de Jesus sobre o "sal e luz" no Evangelho segundo Mateus – e alistava a Deus de bom grado nas orações fúnebres: "Os astronautas do Challenger tocaram hoje o rosto de Deus", morrendo incinerados. Mas apenas na extrema velhice ofuscada pelo Alzheimer, pode-se vê-lo de braços dados com a fiel Nancy nas igrejas de Bel Air, Hollywood.

Seria preciso chegar a Bush, o Jovem, para ouvir um presidente dizer, no discurso mais importante do ano, aquele sobre o estado da União, que ele seguia as disposições de Deus para ir bombardear o Iraque e que Jesus era o "meu filósofo preferido", uma investidura cultural importante, mas provavelmente um pouco redutiva para o Criador do céu e da Terra”.

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