domingo, 27 de junho de 2010

Terry Eagleton: Deus volta ao debate intelectual pela esquerda

O crítico inglês Terry Eagleton vai estar na próxima Festa Literária Internacional de Paraty (Flip, 4 a 8 de Agosto), no Brasil, para falar de Deus. Eagleton é um marxista (não sei se muito, se pouco ortodoxo, mas quer publicar um livro sobre como Marx estava certo).

Nos anos 60 e 70, colaborou na revista “Slant” - vem sempre nas notas biográficas do crítico. Eu nunca tinha ouvido falar da revista “liberal”, “católica”, “esquerdista”, mas uma gloogagem revela logo que era uma publicação ligada aos dominicanos e à Universidade de Cambridge. Publicaram-se 30 números.

Terry Eagleton, que tem sido crítico no “novo ateísmo” (de Dawkins e Hitchens – ou numa palavra, como prefere, Ditchkins; disse Eagleton sobre um livro de Dawkins: “Imagine alguém discorrer sobre biologia tendo como único conhecimento do assunto o «Livro dos pássaros da Inglaterra» e você terá uma ideia do que é ouvir Richard Dawkins discutir teologia”), dá uma entrevista ao suplemento “Prosa & Verso” de “O Globo”.

Diz isto, por exemplo:

Se existe isso que se pode chamar de neoateísmo [Dawkins, Hitchens e outros], há também um novo ateísmo teológico: Habermas, Badiou, Agamben, Zizek etc. Um fenômeno impressionante e incomum de todo um conjunto de pensadores de esquerda lidando seriamente com teologia.

Deus volta ao debate intelectual de duas maneiras: há uma polêmica contra ele, por um lado, e por outro um aproveitamento de recursos teológicos por parte de uma série de pensadores de esquerda declaradamente ateístas. E acho que essa segunda história ainda precisa ser examinada com mais profundidade. O que está acontecendo, para que parte do trabalho teológico mais importante de hoje esteja sendo feito por ateístas de esquerda? Parte da resposta, na minha opinião, é que, quando a esquerda passa por tempos difíceis, ela não pode ser dar ao luxo de olhar os dentes do cavalo, como se diz. E se ela descobre que algumas ideias teológicas podem ser úteis, então, por que não?

A entrevista pode ser lida aqui.

Sem comentários:

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