quarta-feira, 30 de junho de 2010

Leituras matutinas: Ian McEwan fala de Deus


Excerto da entrevista de José Rodrigues dos Santos a Ian McEwan em “Conversas de escritores” (Gradiva), pág. 34.

José Rodrigues dos Santos – Não acredita que Deus existe?
Ian McEwan – Acreditaria se tivesse alguma prova. Não vejo razão para acreditar. Penso que o mundo é tão maravilhoso e tão estranho que quero ver até onde chegamos sem explicação do sobrenatural.

JRS – E se Deus é natural e não sobrenatural?
IM – Então teremos de modificar a nossa ciência para o integrar. Todavia, neste momento não há nada que sugira que a oração funciona. Muitas crianças adoecem e morrem, apesar de todas as orações dos pais. Perguntaram um dia a Bertrand Russell, um ateu famoso, o seguinte: “O que aconteceria se ao morrer descobrisse que Deus existe? O que Lhe diria?” E Bertrand Russell respondeu: “Dir-lhe-ia: não chega como prova, meu caro”. Aí está.


Perplexidades: Se tivesse provas, ainda se tratava de acreditar? O específico de Deus é dar explicação ao mundo? Deus natural? (Esta merece um Nobel da Teologia - deve ter a ver com "A fórmula de Deus"). A oração não funciona em relação a “muitas crianças”? E em relação às outras? A eficácia da oração é um argumento? (Talvez para um Deus muito sacrificial e utilitário). A resposta de Russell às vezes parece-me inteligente (dizia Agostinho: Trabalha como se Deus não existisse, reza, porque Deus existe). A existência não é prova da existência. Outras vezes, acho que não percebi.

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