segunda-feira, 29 de junho de 2009

O futebolista católico

Início da entrevista-a-tender-para-o-inquérito da revista “Ler” (Junho 2009) a João Miguel Tavares (JMT), jornalista e director-adjunto da “Time Out”:
Ler - João Miguel, qual é o seu pior defeito?
JMT - Sou um canalha da pior espécie. Um pulha sem princípios. Um patife que só pensa em si próprio.
Ler - A sério?
JMT - Não. Mas sempre sonhei dizer isto. Quando esta pergunta é feita nos inquéritos – sobretudo a jogadores de futebol -, dois terços respondem «Sou muito teimoso», e o outro terço varia entre «Tenho dificuldade em perdoar a traição» e «Confio demasiado nos outros». Nunca encontrei uma única alma que arranjasse um defeito que não dosse uma espécie de qualidade camuflada. Esta dificuldade em indagar o nosso interior só prova que o catolicismo não fez bem o seu trabalho. Tantos séculos de confissões, tanta gente ajoelhada diante do pároco, e hoje em dia não se consegue arranjar um pecado de jeito. Lamentável.
(Fim de citação).

Transcrevi aqui parte da entrevista por três motivos, cumulativos:
- o jornalista é dos mais estimulantes a escrever actualmente na imprensa portuguesa (escreve na lisboeta "Time Out", no "Diário de Notícias" e de vez em quando na "Notícias Magazine"). Gosto do humor dele;
- o jornalista usa recorrentemente uma linguagem com referências católicas (creio ter-se afirmado católico, mas não posso assegurar; de qualquer maneira, conhece bem os hábitos);
- faz pensar que a confissão não devia ser um mecânico dizer dos pecados, mas uma real introspecção; não um exercício de desarrisca ("desobriga") dos antigos cardenos paroquiais, nem uma correria nos tempos litúrgicos mais fortes, na actualidade, nas povoações ainda mais ou menos católicas, mas um encontro de autoconhecimento e renovação interior.
O que diriam então os futebolistas? "Vivo a tensão do e do ainda não; do viver como ser intregral, que foi criado para a plenitude, e do ainda não por não se terem realizado em mim todas as potencialidades, por viver marcado pelo homem velho". "Está a falar como futebolista?" - pergunta o entrevistador. "Sim, porque prognósticos só no fim do jogo, na plenitude dos tempos", diria o futebolista católico.

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